quinta-feira, 20 de maio de 2010

17 de maio - Meeting

A farra estava boa mas agora é hora de voltar ao trabalho. Mayank e Lokesh organizaram uma reunião com algumas pessoas da empresa deles, a IGM, para eu falar sobre a ITIn e discutirmos sobre oportunidades de parcerias, e assim levamos o dia inteiro.
Um detalhe que me chamou atenção no almoço foi que um dos participantes, Bhupendra, não iria comer. Perguntei porque e ele respondeu que segunda-feira é o dia de jejum dele, pois é devoto de Shiva. A religião hindu é plena de códigos de conduta sobre várias coisas, incluindo regras de alimentação. No caso de Bhupendra, a família dele não é vegetariana, mas jejua toda segunda-feira para purificar o corpo, Lokesh é vegetariano, mas só não pode beber álcool nas terças, e Atul jejua nas terças. Como existe uma pluralidade de deuses e gurus então imagino que existam várias diferenças nos códigos de conduta.
À noite Bhupendra e Lokesh passaram no hotel para sairmos para jantar. Me levaram em um lugar bastante moderno, com uma decoração de ótimo gosto que misturava elementos locais com modernidade européia. Tocava música eletrônica, coisas como electro e techno, e havia um público jovem no local.
Foi a primeira vez que vi mulheres em um bar, e algumas estavam bebendo e fumando, e vestidas com roupas ocidentais. Lokesh comentou que não eram todas de Jaipur, a maioria era de outras cidades e estavam lá a passeio. A idéia é que estando fora de sua cidade natal as pessoas se dão mais liberdade para fazer coisas que a família/religião proibem. Lokesh, por exemplo, bebe cerveja e fuma (em pequena quantidade), mas nunca bebeu ou fumou perante os pais, e segundo ele os pais nunca souberam. Fala que age assim em respeito à família, e valoriza muito isto. Mayank e Bhupendra agem da mesma maneira.
Bhupendra contou que a paixão deles é pegar o carro e sair viajando pela Índia. Eles são amigos de infância e adoram viajar juntos, pegam o carro, várias latas de cerveja, e vão bebendo muito enquanto dirigem milhares de kilômetros em alta velocidade. Tentei explicar que beber é legal, viajar mais ainda, mas viajar bêbado em alta velocidade é suicídio. Eles não deram muita bola.
Pelo que estou entendendo a cultura hindu é extremamente centrada na família e na religião. Todo mundo aqui vive na casa dos pais, e quando casam a esposa vai morar na mesma casa. Bhupendra contou que na casa dele moram 36 pessoas, e Lokesh mora com a família inteira na mesma casa, e vários tios e primos na mesma rua. Tenho visto que toda a casta acaba convivendo muito junta, e desta forma constantemente vigiando e replicando o código religioso. De forma que a cultura hindu não apenas reprime o hedonismo que consome a energia das pessoas, como é o caso das religiões judaico-cristãs, mas também promove um sistema bastante eficiente para afastar as pessoas dos desejos, de modo que não haja muito espaço para as "tentações do demo". Acredito que até a comida funcione neste sentido, pois a ausência de carne, comidas energéticas, bebidas, e temperos afrodisíacos deixa as pessoas em um estado bem pacífico e tranquilo, e assim os desejos pelo prazer são apaziguados e a mente foca em uma vida de paz de espírito.
Falo isto pois tenho começado a me sentir assim com esta abstinência de carne, comendo somente comida indiana, e bebendo no máximo 2 cervejas e já me sentindo tonto. Quando fomos pedir coisas pra comer senti meu corpo bastante fraco, e um desejo profundo de comer um suculento bife. Havia a possibilidade de pedir frango ou carneiro, mas decidi que iria manter meu plano até o limite. A única coisa que me preocupa é que estou me sentindo também meio broxa, mas como não há a mínima possibilidade de estar com uma mulher aqui isto não é nenhum problema. Só espero que os efeitos sejam reversíveis.
Pois é, meu plano de voltar para o Brasil casado com uma indiana está impossível de acontecer. Casamento aqui só com junção das famílias, depois de uns 10 anos de namoro. Pra não falar que a grande maioria das mulheres só querem casar virgens, e daí não dá pra fazer um test-drive pra saber se a química bate. Mulher indiana nem a dinheiro, pois aqui a atividade mantenedora dos casamentos no Brasil é proibida, seriamente combatida pela polícia. Não dá nem pra dizer que assim os caras acabam virando gay, pois a prática da homosexualidade é também proibida, e passível de 10 anos de prisão.
Bem, ficamos lá conversando e depois chegaram outros amigos de Bhupendra que vieram de Hydebarad, que é uma cidade próxima a Bangalore, e chamada de Vale do Silício indiano, por conta da grande quantidade de empresas de tecnologia lá instaladas. Havia 3 meninas com o pessoal, estas vestidas em roupas indianas, mas não duraram lá mais do que 10 minutos, de modo que não dava nem pra aproveitar o colírio para os olhos. É... acho que eu não me daria bem morando na Índia.

2 comentários:

  1. Voce é um 'firangui estrangeiro'..'quéta' esse facho!

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  2. Tá vendo, o "ebó" tá dando certo, rs!
    Seu lugar é aqui rapaz... deixe de doidera.

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