quarta-feira, 26 de maio de 2010

25 de maio - Adeus Índia

Pois é gente, já passou da hora de voltar pra casa. A primeira coisa que fiz foi ir à loja da Lufthansa no aeroporto para tentar trocar a passagem. Tinha desdobrado a passagem de volta para passar 4 dias conhecendo Munique, mas além de ter achado Munique sem graça eu também já estourei meu orçamento e qualquer coisa na Europa é muito caro.
O atendente da Lufthansa me deu a má notícia de que não havia mais vaga no voo de Munique pra São Paulo no dia seguinte, mas disse que eu poderia pegar o voo à noite para Frankfurt e de lá direto pra São Paulo. Ótimo, muito melhor, não precisaria dormir de novo naquela pousada, sem internet, e ainda conheceria Frankfurt na passagem. Mudei na hora.
Lokesh chegou em Gurgaon e nos encontramos no final da tarde. Ficou surpreso com a ida repentina, mas entendeu a minha ansiedade. Saímos para beber a velha cerveja enquanto esperávamos a hora do voo. Ele saiu procurando um bar/restaurante movimentado, que tivesse mulheres pra ver, para me levar, mas não encontramos nada animado. Fomos em um que era meio bar, meio boite, e ficamos lá bebendo cerveja. Tinha só uma menina bem metralhada dançando sozinha na pista e olhando para os homens, achei com cara de profissional, mas Lokesh disse que deveria ser contratada do local para poder animar o povo a dançar. Ah se eles tivessem sido colonizados pelos portugueses ao invés dos ingleses...
Na viagem tive que fazer umas ginásticas com as bagagens, pois a mala estava com 40Kg e o limite máximo por volume era 32Kg. Depois disso embarquei e dormi a maior parte da viagem.
A única coisa bem desagradável da viagem foi que chegando em Frankfurt comecei a sentir cólicas. Oh não, aquele frango que comi no almoço com Ram naquele lugar meia boca devia estar passado. Tentei segurar o máximo que pude, pois o avião já estava no processo de pouso com os avisos de apertar cintos ligados. Mas nessas horas Murphy sempre atua pra nos facilitar a vida, e o aeroporto estava congestionado, de modo que teríamos que esperar uns 10 minutos para poder pousar. Eu tentei, tentei, suei frio, fiquei pálido, mas não dava mais pra segurar. Virei pra senhora indiana que estava ao lado tentando falar que eu estava doente, precisava levantar, me desculpe, mas ela não falou nada, apenas puxou as pernas pro lado, e assim também fez o senhor que estava na poltrona do corredor. Ok, esse povo da Índia acha normal a gente andar se esbarrando nos outros, mas eu não consigo sair de uma poltrona na janela com as outras pessoas sentadas, é muita proximidade pra mim. Me apoiei nas cadeiras e pulei por cima dos dois pro corredor, temendo que o esforço pudesse causar alguma catástrofe. Corri pro banheiro, a aeromoça falou que eu não podia levantar, falei pra ela que estava muito sick, sorry, sorry, e me meti no banheiro ouvindo ela falar que eu fazia aquilo por meu próprio risco. Ora pois, risco altíssimo seria não fazer aquilo, o povo iria querer pular pela janela do avião.
Pousei em Frankfurt dentro do banheiro, tudo tremendo ao redor, eu me segurando nas paredes, e o suor frio descendo pelo rosto e encharcando minha camisa. Dei descarga e lá se foi a lembrança da Índia.
Não preciso falar mais sobre a organização dos alemães. Vou contar somente que é um brutal choque de realidades. Enquanto na Índia enfrentava calor de 45 graus, um bilhão de pessoas vivendo na craude, poluição total, barulho infernal, trânsito caótico, e pobreza, em Frankfurt fazia 16 graus, poucas pessoas pelas ruas, silêncio total, e hiper-organização em tudo. É, vou pensar sobre o assunto alguns anos, até poder compreender um pouco sobre a Índia.
Já Frankfurt não tem muito o que se conhecer. Andei pela cidade antiga, tirei fotos, vi o Rio Main, e fiz algumas compras. Não sei se por ato costumeiro, ou porque raios, no almoço pedi uma salsicha com curry, e lá veio aquela salsicha com o tempero tipicamente indiano. Talvez uma forma intermediária de voltar ao mundo de antes.
Agora estou aqui aguardando o voo pra Guarulhos, e logo na sequência parto pra Salvador, para matar as saudades de Pedrinho. Tomara que dê tudo certo, sem episódios intestinais desta vez.

Um comentário:

  1. Alex,
    Sensacional suas aventuras pela índia. Adorei poder rir bastante com a sua forma bem própria de escrever e relatar a viagem, de fato o tom coloquial me trazia a sensação de que estava conversando ao vivo com vc. Valeu! Muito legal!
    beijos e sds

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