quarta-feira, 26 de maio de 2010

22 de maio - Casamento de Mayank

A programação de atividades para todo o sábado era de acompanhar o casamento de Mayank, pois este era o dia dos principais eventos.
Não consegui acordar muito cedo por conta de ter ficado no computador escrevendo e ter ido dormir bem tarde, de forma que acabei perdendo a primeira cerimônia do dia. Mayank me explicou que ele ficava só de shorts e então vários familiares, pai, mãe, irmão, tios e tias, passavam óleos e bálsamos nele, e depois davam um banho de leite, um tipo de ritual para purificar o corpo e a alma. Ele ficou de me mandar algumas fotos para eu postar no blog.
Depois disto começava o bahat. Na lagwana do dia 20 vinham os parentes da noiva para dar a ele presentes, sendo que os parentes dele iam presentear a noiva, no bahat era a vez dos parentes dele virem dar presentes a ele. Havia uma grande quantidade de pessoas, e Mayank comentou que várias delas ele não conhecia, eram parentes da mãe e pai dele que tinham vindo de outras cidades e que ele nunca tinha encontrado antes. Muitos eram por parte do tio-avô dele, que tinha tido um sem número de filhos.
Todos demonstravam muita alegria e felicidade, cantavam e dançavam, e teve também uma sessão de bençãos onde se pinta aquele sinal no meio da testa.
Após esta parte saí com Lokesh para comprar um presente, pois até agora não tinha ideia do que iria  dar de presente e Mayank não tinha me dito do que estava precisando. Vi que muitos familiares davam dinheiro, mas achei muito impessoal, então Lokesh falou que ouro é muito auspicioso, e lá fomos comprar um bracelete de ouro.
Jaipur é famosa pela produção de jóias, e existem várias joalherias pela cidade. Fomos em uma específica para ouro, pois muitas só trabalham com pedras, e escolhemos um belo bracelete para ele.
Depois fomos a uma loja comprar uma roupa típica para eu ir ao casamento. Esqueci o nome da peça, mas é uma grande bata com o colarinho enfeitado. Preferi uma branca, leve, por conta do calor, e Lokesh tinha uma idêntica, de forma que fomos que nem time de futebol.
É claro que antes de irmos para festa Lokesh e Buphendra precisavam passar em um bar para tomarem cerveja, já que na festa não poderiam beber nada, e queriam dançar muito. Os bares aqui, além de só terem homens, são fechados e escuros, meio como um pub, mas sem nenhuma decoração particular, e sempre uma TV ligada passando canais abertos. Meio como um lugar onde o povo vai somente pra consumir álcool.
Chegando na festa trocamos de roupa e fomos acompanhar o barat. Inicialmente acontecia uma parte onde Mayank ficava sentado recebendo vários presentes, e depois uma espécie de parada sobre um cavalo. Vi várias dessas paradas pela cidade, o noivo, todo paramentado, sobre um cavalo também bastante enfeitado com peças brilhantes, desfila durante cerca de 2 horas acompanhado por uma banda e um conjunto de pessoas segurando lustres, ligados por fios, que funciona como uma espécie de corda de bloco com todos os convidados dentro dançando ao som da banda.
Mayank, todo paramentado e sério apenas observava as pessoas se divertindo. Curioso, só os amigos do noivo é que se divertem, enquanto o noivo só sofre embaixo de uma pesada roupa.
A dança era bem no estilo folclórico, sem nenhuma sofisticação. Os homens dançavam uns com os outros, e as mulheres idem, de modo que eram grupos separados, só eventualmente que um homem já mais velho dançava com sua esposa ou filhas. Não me sinto à vontade de dançar com homens, mas diante de muita insistência ensaiei alguns passos me sentindo bastante sem jeito, especialmente quando um dos conhecidos, como Lokesh ou outros, ficava dançando pra mim rebolando com o dedinho no canto da boca. Melhor não comentar.
Eventualmente algum homem tirava uma cédula de dinheiro do bolso e ficava balançando no alto circulando sobre as cabeças dos demais, e logo vinha alguém da banda e pegava o dinheiro. Dentro do ritual aquilo era como abençoar os outros, e para a banda era uma gorda gorjeta.
Depois de darmos uma volta no quarteirão voltamos ao espaço da festa. Acho que não tinha comentado, mas estes rituais maiores não foram na casa de Mayank, mas sim em um espaço próprio para casamentos, que tem inclusive duas alas de quartos para as famílias do noivo e da noiva, para alojamento durante os dias da festa. O local era gramado e muito bem decorado, com um grande palco em um dos lados onde ficavam dois tronos para os noivos, e várias bancas com pessoas preparando e servindo comida. No final desta festa houve um jantar para os mais próximos da família, sentei à mesa em consideração, mas não consegui comer mais nada de tão cheio que já estava.
Quando eu pensei que já tinha acabado fui surpreendido com a notícia que era naquele momento que iria começar o casamento propriamente dito. Era a cerimônia formal de casamento, onde eram feitos os votos e o casamento consumado por monges.
Havia dois monges hindus, num pequeno espaço, e ali sentavam também Mayank com a noiva, e os pais da noiva. Os pais de Mayank somente assistiam e Lokesh me comentou que a simbologia era que os pais da noiva estavam ali entregando a filha para Mayank, e portanto eles é que tinham papel ativo na cerimônia.
Não entendia exatamente o que estava sendo feito, mas os monges cantavam uma ladainha constantemente enquanto iam eles e os outros jogando pétalas de flores e outras coisas num montinho de terra decorado que havia no centro.
Lokesh falou que depois, por volta das 3h da manhã, ia começar a cerimônia do fogo, onde seriam acesos 7 círculos de fogo. Não consegui ficar pra ver esta parte, já estava pra lá de cansado. Depois peço as fotos pra Mayank para matar a curiosidade.

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