domingo, 16 de maio de 2010

12 de Maio - Viagem para Rishikesh

Acordei no meio da madrugada sem sono algum. Este negócio de jet-lag é mesmo sério. Como já me conheço, nem tentei pegar no sono novamente, pois não iria conseguir. Ao invés disto aproveitei para acessar meus e-mails e ver como estavam as coisas do outro lado do mundo.
Como ainda estava sem notebook o jeito foi acessar pelo iPhone mesmo. Pra mim que chego a receber mais de 300 e-mails por dia, acessar pela tela do iPhone a 64Kbps é um processo, responder e-mails pior ainda, mas era a única forma.
Li todos os e-mails, respondi alguns poucos, e fiquei me sentindo bem por ver que tudo na empresa estava caminhando bem sem mim. Por vezes sinto que as pessoas da empresa dependem muito de mim pra tudo, e chego até a acreditar que sou mesmo assim importante, mas eu sei que todas as pessoas são muito competentes e conseguem resolver quase tudo sozinhas, e não é a primeira vez que vejo tudo caminhar bem na minha ausência. Já senti esta sensação algumas vezes, como por exemplo quando estava na escola diante de um professor que respeitava pelo conhecimento. Não me sentia seguro pra resolver as questões e sempre recorria a ele. Mas depois, quando estava diante de questões semelhantes e não mais era seu aluno eu resolvia tudo com segurança e correção. Pensarei mais sobre este assunto.
Acabei não dormindo, e comecei a me preparar pra sair por volta das 9h. Mayank me ligou contando que a Lufthansa tinha informado a ele que minha mala já tinha chegado e que iriam levar na pousada. Finalmente uma boa notícia! Como o plano era viajar para Rishikesh, decidi passar no aeroporto para pegar a mala diretamente, pois não pretendia voltar pra tal guesthouse.
A mala estava meio surrada, resolvi abrir no aeroporto mesmo só pra confirmar o que eu já esperava, tinha comprado uma pequena escultura de uma baiana em cerâmica no aeroporto de Salvador para trazer de presente pra Mayank, mas claro que a mesma tinha se despedaçado. É... da próxima vez terei que embalar com mais cuidado... Mantive-me na filosofia de não reclamar o que já estava perdido.
Almoçamos na lanchonete do aeroporto sob um calor de 40 graus. Aliás, almoçamos não, pois eram ainda 10:30h e este é o horário que o povo faz o breakfast por aqui, indo almoçar depois das 13h, e jantar por volta das 21h. O horário é bem diferente do nosso, e acho que é por conta do sol, que reina por aqui. Falei pra Ram escolher qualquer coisa indiana vegetariana, e ele pediu uns molhos picantes com chapati (o tal do pão árabe oleoso bem fino e assado na chapa). Lá estava eu de novo rasgando o pão e com a mão e segurando os pedaços com os dedos tentava com dificuldade pegar os pedaços de coisas dentro daquele molho vermelho, para depois levar à boca aquela mistura extremamente picante, isto tudo em um salão sem janelas, com um calor seco de mais de 40 graus, sem ar-condicionado ou ventilador, cercado de moscas. É... a gente não pode emitir opinião antes de conhecer, né? Aliás, baixando aqui um espírito Poliana, até que é bom este negócio picante, assim eu não sinto o sabor das verduras, que eu definitivamente não gosto, e daí posso comer qualquer coisa, já que o sabor é sempre o mesmo...
A missão agora era comprar o notebook, e quem sabe um brinquedinho... Passamos em um shopping center onde tinha uma loja da Sony, mas tinha muito poucas opções, e então Ram sugeriu irmos para Connaught Place, pois lá se encontra de tudo (como eu havia imaginado, um centro comercial). Saímos na rua e a irradiação de calor era ainda pior do que no aeroporto. É como estar dentro de um forno a gás, um calor seco que te queima. A gente praticamente não sua, porque o ar seco te queima sem que você sue muito, é diferente do calor de Salvador, onde a gente sua feito um cuzcuz.
Entramos nas galerias embaixo da Connaught Place para ver se lá tinha o que procurava. Lembrei-me das Galerias Pajé, na 25 de março em São Paulo, só que vendendo de tudo mais e naquele calor infernal. Realmente uma experiência para pessoas resistentes.
Não tinha nada de eletrônico de qualidade por lá, mas achei o meu desejado Play Station 3. O preço não estava muito inferior ao da loja, mas o vendedor sikh (aqueles que usam turbante na cabeça) acabou me convencendo. Depois que paguei fiquei com a sensação de que tinha me metido numa roubada, pois a diferença de preço compensava ter comprado em uma loja. Contudo, testei e estava tudo em ordem, o único problema é que foi sem nota, o que pode me causar algum problema na alfândega.
Saímos das galerias e andamos um monte pelas ruas empoeiradas em obras. Delhi irá sediar os Commonwealth Games este ano e por conta disto estão arrumando tudo na cidade, inclusive construindo um metrô, que promete melhorar muito o caótico trânsito da cidade, já que o transporte público consiste atualmente em ônibus de 1960 e tuk-tuks com motor de bicicleta, e nem preciso falar que ambos só andam com pessoas saindo pelas janelas. Mas como eu ia dizendo, a Connaught Place está uma poeira só.
Aliás, poeira, fuligem, placas pra todo lado, buzinas constantemente, e tudo mais sujo e fedorento, fazem de Delhi o lugar mais poluído que já conheci na vida, faz o centro de São Paulo parecer um templo budista nas montanhas.
Voltando, andamos um tanto e chegamos a uma loja da Sony, e lá comprei meu pequenino novo notebook. Ainda estou me acostumando com o teclado minúsculo do bichinho, toda hora erro o shift e não sai o espaço, e o processamento é bem aquém das necessidades de um hard-user como eu, mas a portabilidade é muito boa, vamos ver se consigo me adaptar.
Já eram 15h quando pegamos a estrada para ir para Rishikesh. Aliás, estrada não é adequado para descrever o caminho que pegamos. Curiosamente o asfalto é bom, e não vi nenhum buraco no caminho, mas em compensação existe tudo de imaginável pelo caminho, os tuk-tuks lotados que andam a 30Km/h, pessoas, carroças de cavalo, bois ou búfalos, ônibus centenários, e caminhões que não dá pra descrever, só digo que atrás dos caminhões tem a placa informando que eles trafegam à velocidade máxima de 40Km/h e sempre pintado em letras vermelhas Horn Please. Em outras palavras, não era estrada, mas sim uma interminável avenida, reta, plana, e constantemente cheia de gente por todo o caminho, como se fosse uma única grande cidade. Resultado: 230Km percorridos em 8 intermináveis horas.
Chegamos no hotel que Ram arranjou com um amigo pra mim por volta da meia noite, eu prá lá de cansado, já perto daquele estado que começo a ficar irritado com tudo e achar que tudo é uma merda. Controlei meu temperamento pois se que se isto se instalasse eu iria querer voltar pra casa no dia seguinte, e efetivamente voltaria. Pensei só em descansar bastante pois há muito o que conhecer ainda.
O hotel ficava numa encosta íngreme com vista total para o rio Ganges, e possui o potentoso nome de Ganga Beach Resort. O amigo de Ram tinha nos dito que era 4 estrelas, mas quando cheguei na recepção fiquei com a sensação de que era 3 estrelas, e quando subi pro quarto confirmei que eram 2 estrelas com boa vontade. Tudo bem, só precisava dormir bastante mesmo.
Mas claro que antes de dormir formatei e instalei meu novo notebook e testei alguns joguinhos no meu novo videogame. O estress passou.   =D

4 comentários:

  1. Tudo certo. Alex sem stress na Índia, por favor..hehehe..Grande idéia esse blog. Grande idéia. Vou acompanhar, não se atrase!

    ResponderExcluir
  2. Também adorei a idéia do blog: uma idéia eficaz de quem realmente quer customizar o tempo né? Assim você nâo precisa ficar contando para cada amigo curioso as suas façanhas, bem estou aqui super contente de sentiro o cheiro da fumaça de longe rs e de poder ver um pouco mais.... mesmo que seja por outras retinas... ah e saber que estás experimentando umas "férias de abstinência", muito me compraz... uma experiência que pode ser mesmo produtiva e auto-respirável... Beijos brasileiros para o atual principe brâmane ainda sem reino , mas vasto... Ivana

    ResponderExcluir
  3. Hummm, agora eu posso comentar, rs.
    Toda vez que leio seu blog eu me sinto ai. Vc é tão detalhista...
    Tô acompanhando tudo, tudinho mesmo, rs.
    Um beijo e por favor, sem stress!!!

    ResponderExcluir
  4. É...encarnou o verdadeiro espírito indiano :)
    Tecnologia e paciência..rss
    beijos
    Ingrid

    ResponderExcluir